sábado, 16 de janeiro de 2010

Fé e Razão


Título: Fé e Razão - Descobrindo o Sentido da Vida

Autor: Rossano Sobrinho

Editora: Chico Xavier

Categoria: orientação

Edição: primeira (setembro de 2009)

Proposta:
Abordar aspectos doutrinários importantes sobretudo os ligados a moral evangélica e correlacioná-los aos fundamentos da Psicologia Positiva.

Formato:
Formato médio, 200 páginas, para ler durante umas 5 horas. Está dividido em 10 capítulos sendo os sete primeiros voltados aos aspectos doutrinários e os três últimos, aos fundamentos da Psicologia Positiva. Contém ainda prefácio, bibliografia, duas crônicas finais e apresentação do autor.

Linguagem:
Linguagem informal, direta, e na forma de diálogo. Português claro e correto. Nas suas crônicas finais adota um estilo mais poético.

Avaliação:
O autor aborda aspectos importantes do conhecimento espírita sem ser muito cansativo ou repetitivo. Explora estes aspectos de forma coordenada encadeando as dúvidas e suas respostas. A sua argumentação procura ser lógica e busca "fechar" as idéias dando assim um embasamento mais sólido.

Boa parte do sucesso deste embasamento se deve a forma dialogal com que o autor escreve. Dessa forma, o leitor consegue acompanhar com facilidade o raciocínio pois as perguntas servem de parada para a reflexão.

Mesmo entrando em questões importantes, o autor consegue se distanciar de pontos duvidosos ou onde não há consenso entre os espíritas. Para isso fala em termos de possibilidade sem, contudo, deixar registrado a sua forma de pensar. Por exemplo, ele faz a pergunta "Jesus também evoluiu mediante vidas sucessivas?" (pag 67) e começa a resposta "Possivelmente sim. ...".

Na parte psicológica do livro o autor foi feliz apresentando de forma didática e simples os principais aspectos da Psicologia Positiva. Associou também de forma razoável esta linha psicológica com os ensinamentos de Jesus. Com razão, o autor propõe na página 159 o 'Aprendendo a desaprender' como uma das diretrizes de uma vida saudável e feliz.

Destaque especial deve ser dado a forma positiva em lidar com a lei de causa e efeito. Isto é, deixa de lado o fatalismo para valorizar as possibilidades de transformação. Por exemplo, na página 137, o autor responde sobre as consequências do aborto para a mãe e enaltece as possibilidades de reparação pelo amor: ".... Essa mãe que matou o próprio filho, de fato, não terá como voltar atrás, mas poderá perfeitamente, após se arrepender, ajudar outras crianças: sobrinhos, filhos de amigos, meninos de rua ...".

Discussão:
De forma geral, o autor é bastante coerente em sua argumentação, mas parece ter se descuidado ao dar uma possível interpretação do número da besta. Na página 72, transcreve uma explicação de Emmanuel associando o número da besta ao papa através de duvidosas e místicas continhas. E na página seguinte (73) responde que devemos enxergar o Catolicismo com profundo respeito. Ora, sugerir que o papa é a besta não parece ser muito respeitoso!

Sabemos que o próprio Kardec se dedicou a explicar ou reinterpretar passagens evangélicas baseando-se no conhecimento espírita. Por outro lado, temos que repensar se isto ainda é realmente necessário e desejável. Por exemplo, o batismo precisa ter uma reinterpretação espírita? Na página 103, o autor estabelece que "o verdadeiro batismo é a transformação moral". Isto não acaba mais confundindo do que explicando?

Bem... esta do batismo ainda passa, mas na página seguinte (104) não há necessidade alguma em tentar dar uma explicação a tal da Santíssima Trindade pois como todos sabem ela é apenas uma elocubração católica. Ainda que o autor tenha delimitado bem que não compactua com a explicação católica, ele, na prática, se apodera de um símbolo católico e dá uma explicação que em essência é a mesma: "Deus é um só, o Pai Criador de todas as coisas. Cristo é o filho de Deus, Espírito Excelso, governador espiritual da Terra. E Espírito Santo são os Espíritos Superiores que trabalham sob a coordenação do Cristo.".

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