sábado, 4 de setembro de 2010

Os Mortos Vivem

Título: Os Mortos Vivem

Autor: Hinrich Ohlhaver

Tradutor: Vicente Jascyk (revisão de Wallace Leal V. Rodrigues)

Editora: O Clarim

Categoria: pesquisa

Edição: terceira (março de 1990)

Proposta:
Convencer as pessoas da imortalidade da alma por meio dos relatos da mediunidade da alemã Elisabeth Tambke.

Formato:
Tamanho médio pra ser lido em aproximadamente 10 horas. Está dividido em três partes: os fenômenos realizados pela médium, a história de sua mediunidade, e aspectos gerais. O conteúdo do livro é acompanhado por boas notas do revisor que esclarecem e contextualizam determinados trechos.

Linguagem:
Linguagem clara direcionada ao público geral.

Avaliação:
Este livro foi escrito em plena I Guerra Mundial e aparentemente fez muito sucesso na Alemanha onde vivia o casal, o autor Ohlhaver e a médium Tambke. Pela forma direta e clara na descrição dos fenômenos é de se admirar que há poucas referências a eles na Internet.

Sem entrar no mérito se os relatos são ou não verdadeiros é interessante destacar a capacidade do autor em apresentar as informações necessárias para uma possível comprovação da veracidade dos fenômenos. E estes são tão surpreendentes quanto qualquer outro produzido pelos melhores médiuns conhecidos.

Pela proposta de ser um livro para o público geral, o autor acabou deixando de lado a possibilidade de fazer um trabalho mais técnico com a indicação de referências, a publicação de fotos das materializações, e o levantamento de hipóteses mais críticas para a explicação dos fenômenos.

Possui ainda informações históricas interessantes que são apresentadas de forma leve nos diálogos com o pai da médium. Adicionalmente, as notas do revisor auxiliam bastante na compreensão de determinados trechos do livro.

Discussão:
No capítulo Sessões às Escuras o autor escreve:
O médium funciona como uma espécie de magneto e acumulador de energia necessária.
...
A fonte da força mediúnica pode, talvez, ser o sangue.
Por ser alemão o autor é bastante influenciado pelo mesmerismo e leva bastante em consideração a idéia de que a energia ou força Od, como ele a chama, se acumula no médium ao ponto de ser capaz de realizar os fenômenos espíritas. A hipótese do sangue ser a fonte desta força parece interessante, mas aparentemente não encontra eco nas teorias espíritas.

No capítulo Magnetismo de Cura o autor escreve:
Tomei seis copos, enchi-os com água e como eu também me tinha revelado portador da força magnética, magnetizei a água. ... Pedi à senhorita Tambke que os colocasse em ordem, conforme a intensidade da luminosidade que deles se desprendia. Ela procedeu corretamente, colocando em primeiro lugar os dois copos que eu não magnetizara e os seguintes em sucessão.
...
escolhi uma árvore que possuía dois brotos junto à raiz. ... Passei, diariamente a magnetizar o menor, sempre empregando as pontas dos dedos de ambas as mãos. ... o brotinho cresceu dezoito centímetros. O que não sofreu a ação do magnetismo, cresceu apenas quatro.
Estes relatos da ação magnética sobre plantas, minerais e sobre pessoas, claro, são abundantes no livro.

No capítulo Materializações o autor escreve:
Permaneceu encostada à cortina, acenou para todos com o seu lencinho, cumprimentando-nos e, de súbito, desapareceu. Desfez-se no ar sem entrar no gabinete; desmaterializou-se diante dos olhos de todos nós!
...
uma vez que me encontrava de pé: o ser materializado era da minha altura. A senhorita Tambke era mais baixa do que eu.
...
Do gabinete saiu um pequeno ser ... Pela sua altura podia-se supor que teria uns seis anos de idade ... pedi ao pequeno que colocasse o pé em minha mão ... seu comprimento era menor do que minha mão.
...
Em média se apresentavam sete ou oito entidades de cada vez.
Como já eu havia dito, os relatos, especialmente os das materializações, são sempre muito impressionantes.

No capítulo Necromancia em Munich o autor transcreve as observações do pesquisador Karl du Prel sobre as suas experiências com a médium:
A melhor das provas seria indubitavelmente, as fotos batidas, e nas quais a médium, em transe, e os fantasmas, aparecem juntos. Infelizmente essa experiência falhou, as fotos obtidas não foram consideradas satisfatórias e não tivemos oportunidade de repeti-las.
É realmente uma pena!

No capítulo Desmascaramento de Médiuns o autor escreve:
As fraudes que até hoje foram comprovadas, são tão insignificantes que não merecem ser mencionadas.
...
Examinei seis dessas pseudo-fraudes e constatei o procedimento condenável, maldoso e corrupto dos desmascaradores. Todavia, eles receberam o castigo merecido da Providência Divina.
A meu ver, esta posição do autor é um pouco desmedida.

No capítulo Tomfohrde conta a História do Espiritismo o autor escreve:
E na Europa, não surgiram homens de posição que se quisessem dedicar a tão importantes pesquisas?
...
Na França foi o intelectual Hippolyte Léon Denisard Rivail, um aluno do célebre pedagogo Pestalozzi que, com o nome de Allan Kardec, alcançou maior notoriedade.
É interessante analisar a fala do autor e perceber que ele não considerava o Espiritismo sendo de origem francesa, mas sim americana. Para ele Kardec era apenas mais um nome dentro do Espiritismo mundial.

No capítulo Pró e Contra o autor escreve:
Alegam os nossos adversários que, levando-se em conta os países todos do mundo, o Espiritismo soma para mais de 70 milhões de adeptos.
...
Não preciso ser profeta para dizer que, dentro de 70 anos, o Espiritismo estará dominando a opinião pública mundial.
Este discurso que o Espiritismo estava ou estaria dominando o mundo era bem comum na época.

No capítulo O Magnetismo que Cura o autor escreve:
as mulheres não devem entregar-se a essa prática [da magnetização] no período da menstruação
...
Tenho usado o magnetismo da batata com excelentes resultados.
...
curei três vacas em três dias, dando-lhes passes duas vezes por dia
Às vezes, não dá pra acreditar muito em coisas que autor afirma, mas é interessante que ele mesmo se adianta ao leitor avisando sobre isto.

3 comentários:

  1. Muito bom este livro, pena que não foi mais divulgado. Tenho um exemplar.

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  2. Muito bom este livro, pena que não foi mais divulgado. Tenho um exemplar.

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  3. Tenho um exemplar e, de vez em quando releio. Muito bom para quem estuda o desenvolvimento do conhecimento espírita. Na Alemanha, à época, havia vários núcleos espíritas, conforme diz Johannes Grebber, um padre católico que se tornou espírita. Este escreveu um livro que estou traduzindo parcimoniosamente.

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