sábado, 7 de abril de 2012

O que é Fenômeno Anímico?


Título: O que é Fenômeno Anímico?

Autor: Herminio C. Miranda

Editora: Correio Fraterno

Categoria: estudo

Edição: primeira (dezembro de 2011)

Proposta:
Desenvolver o tema do fenômeno anímico considerando diferentes pontos de vista.

Formato:
Tamanho médio com quase 200 páginas que podem ser lidas em aproximadamente quatro horas. O projeto gráfico é de boa qualidade.

Linguagem:
Linguagem leve e correta que torna a leitura muito agradável. Os textos são apresentados de forma bem concatenada. O autor conversa diretamente com o leitor prendendo sua atenção e dando um tom de proximidade como num diálogo.

Avaliação:
São poucos os livros doutrinários espíritas em que se pode dizer que o autor fala por ele mesmo. Normalmente são repetições ou releituras. Já no presente livro a conversa é outra; o autor pensa o espiritismo e convida o leitor a pensar junto com ele. Para isso vai apresentando argumento por argumento, sem pressa, mas também sem enrolação.

É interessante que o título deste livro nos remete a dúvida básica de um iniciante que é a pergunta universal "o que é?". Mas ele está longe de conter respostas acabadas e o autor é muito honesto quanto a isso. Ou seja, a proposta é de reflexão e não de informação. Dessa forma, o livro será muito bem aproveitado por iniciantes quanto por experientes no conhecimento espírita.

Hermínio desenvolve o tema do animismo com a hipótese central de que alma e espírito são componentes de uma mesma pessoa (encarnada). Mesmo para um jovem de mais de 90 anos, a formulação e sustentação de novas hipóteses pede uma coragem que poucos são capazes de ter, sobretudo quando o autor possui uma boa reputação no espiritismo.

Basicamente, esta hipótese diz que "a alma fica plugada no hemisfério cerebral esquerdo enquanto o espírito fica no hemisfério direito". Ou seja, embora constituam o mesmo ser, a parte que se manifesta no fenômeno anímico seria o espírito, que é parte não consciente do médium. Claro que é apenas uma hipótese e o autor a reconhece dessa forma.

Com ela o autor explica diferentes casos que sugerem haver mais de uma personalidade envolvida numa mesma pessoa. É interessante observar que esses casos já foram objetos de estudos anteriores do autor, como é o autismo e a síndrome da personalidade múltipla. Isto é, como se não bastasse a boa argumentação o autor ainda tem a seu favor longos anos de pesquisa no espiritismo.

Contudo esta fixação na dicotomia entre alma e espírito levou o autor a ignorar quase por completo o importante fenômeno da manifestação do próprio consciente do médium nas comunicações ditas mediúnicas. Isto é, parte do que se produz nas comunicações se deve ao próprio consciente do médium e não a um possível reservatório de informações que estaria em uma outra parte do ser (no caso o espírito, segundo o autor).

De qualquer forma, nada apaga o brilhantismo deste incansável senhor da quarta idade que ainda se aventura como um jovem a descobrir novos caminhos não trilhados no espiritismo.

Discussão:
Seguem abaixo algumas passagens:

Página 17:
É o seguinte: como vocês estão observando, este é um estudo despretensioso destinado a uma série intitulada "Começar", do Correio Fraterno, imaginada por nosso amigo e confrade Wilson Garcia e que está sendo retomada em boa hora pela atual administração da editora, sob a liderança de quem edita o respeitado jornal doutrinário.
Apoiado!!!

Página 33:
Apoiado na doutrina dos espíritos, na qual eu tinha (e tenho) assentadas minhas bases culturais, ousei discordar respeitosamente dele [dr. Stevenson], declarando que, no meu entendimento, a linguagem do espírito era o pensamento e não especificamente a palavra falada ou escrita. Em nova carta, o professor me dizia que meu trabalho era interessante, mas que seria ainda mais convincente se Luciano [dos Anjos] em transe falasse francês.
De fato, seria bem mais convincente.

Página 35:
Costumo dizer que O livro dos espíritos traz consigo uma riqueza incalculável em 'tomadas', à disposição de quem o desejar ligar nelas os plugues de suas especulações.
E divagações!

Página 54 em Animismo sob suspeita:
O animismo foi durante muito tempo - que ainda não se esgotou de todo - considerado sob sérias suspeitas.
É preciso reconhcer que tal rejeição até que se entende, pelo menos em parte, porque muitos eram, e ainda são, os médiuns através dos quais falam e escrevem seus próprios espíritos com o propósito equivocado de ludibriar, de assumirem posições de falsos guias e mentores do grupo em que funcionam.
Isto é algo que devemos sempre nos premunir.

Página 73 em Escritor de si mesmo:
O que desejo destacar neste texto é o fato de que muitas vezes, senão sempre, o escritor trabalha como psicógrafo de si mesmo, dado que por trás dos mecanismos anímicos funciona seu espírito, situado em dimensão à qual nem sempre o consciente tem acesso.
Curioso isso.

Página 89:
Granítico materialismo que vem engessando o processo evolutivo da humanidade há tanto tempo. Às vezes até me pergunto onde estaríamos nós, em termos de conhecimento, se tivéssemos conseguido nos livrar desse fantasma de sete fôlegos.
Respeito, mas discordo. Ficamos parados por mil anos na Idade Média, mas não foi culpa do materialismo.

Página 97:
Devo reiterar àqueles que me leem, que este livro tem mais problemas a resolver do que respostas a oferecer. O objetivo dele consiste em levantar questões e trazê-las para a mesa de discussões e debates e não em dar tudo como sabido e resolvido.
É isso aí! Muito bom!

Página 120 em O sudário de Turim:
Como se sabe, a ciência contemporânea tem esquadrinhado minuciosamente a famosa peça de linho na qual o corpo de Jesus foi enrolado antes de ser levado à sepultura. Essa investigação, promovida com os recursos mais avançados da tecnologia moderna, nos garante que a peça é autêntica.
Será!?

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