domingo, 17 de junho de 2012

Transtornos Mentais


Título: Transtornos Mentais

Autor: Suely Schubert

Editora: InterVidas

Categoria: estudo

Edição: primeira (abril 2012)

Proposta:
Dar uma visão aprofundada dos diferentes transtornos mentais e apresentar a visão espírita sobre eles.

Formato:
Livro de tamanho grande com mais de 200 páginas que podem ser lidas em aproximadamente seis horas. É dividido em duas partes: a primeira contendo as definições e conceitos relacionados aos transtornos mentais e a segunda parte abordando os aspectos da terapêutica espírita.

O projeto gráfico é de excelente qualidade. O destaque, neste quesito, fica por conta da inclusão nas bordas das páginas dos significados das palavras menos usuais. Isto facilita bastante a fluência na leitura dos textos.

Linguagem:
Texto escrito num bom e correto Português. Boa argumentação e coesão de ideias. Estrutura dos textos bem organizada.

Avaliação:
Trata-se de um estudo muito interessante já que se baseia em longos anos de dedicação da autora em pesquisas e experiências nesta temática dos transtornos mentais. Resultou-se, assim, em um trabalho aprofundado abordando diferentes tipos de transtornos. E, para cada um deles, a autora corretamente apresenta a definição psiquiátrica, assim como, a sua etiologia e suas características.

A autora aborda também de forma satisfatória o tratamento destes transtornos considerando a visão espírita. Para isso, apresenta, ainda que de forma resumida, alguns estudos de caso. Por outro lado, sente-se falta de uma apresentação, ainda que breve, do tratamento convencional psiquiátrico. Não há, menos ainda, uma comparação dos dois tratamentos. E, portanto, fica difícil avaliar, de forma segura, os casos relatados pela autora.

Trabalha-se, ao longo da obra, com a hipótese de que estes transtornos são consequências de atos insensatos de encarnações anteriores. Estaria perfeito se a autora também admitisse a hipótese de que os transtornos são provas para os espíritos. Felizmente, hoje em dia, a admissão apenas da primeira hipótese está sendo superada. Não é mais razoável olhar para o seu próximo e sentenciar que, se sofre agora, é porque fez algo de muito ruim no passado.

Discussão:
Seguem abaixo algumas passagens:

Página 48 do capítulo Transtornos de ansiedade:
S.N., uma dona de casa de 42 anos, tinha medo de incêndio, de que a tevê e o botijão de gás explodissem, o que a obrigava a desligar tudo e verificar várias vezes; à noite perdia o sono com medo de incêndio, imaginava então como agiria para salvar-se, e esses pensamentos eram recorrentes. A pessoa pediu ajuda espiritual e constatou-se ser esse um caso de reminiscência traumática da reencarnação anterior, quando desencarnara em um incêndio, conforme esclarecimento do orientadora espiritual da reunião de desobsessão. Ao ser informada do ocorrido, S.N. passou por uma mudança gradual, sentindo-se confiante e segura. Aos poucos desapareceram as ideias obsessivas.
É interessante observar que foi a informação do trauma que fez com que a paciente melhorasse do transtorno obsessivo-compulsivo e não propriamente a reunião de desobsessão. Será que ela melhoria independente desta informação ser verdadeira?

Página 62 e 63 do capítulo Transtornos dissociativos:
J.M., rapaz de 25 anos, solicitou-nos o atendimento e relatou-nos que sofria de ansiedade, medo, insegurança. Fazia uso de vários medicamentos que atenuavam um pouco os sintomas. Ele dizia que sem os tais remédios seu sofrimento seria insuportável, culminando com depressão e, às vezes, ideia de suicídio. Citou também que em certos dias, por alguns momentos, se sentia muito estranho, como se não fosse ele próprio, parecia estar fora do corpo, como num sonho, e notava que tudo à sua volta estava como que "borrado" (expressão que usou), desfocado, diferente. (...) J.M. informou ser espírita há algum tempo, frequentava outra instituição espírita, mas desejava fazer o tratamento espiritual em nossa casa. Participou por alguns meses das reuniões específicas e obteve extraordinária melhora.
Desapareceram o medo, a insegurança, a despersonalização e a depressão. O estado de ansiedade arrefeceu bastante, possibilitando-lhe a retomada da profissão. Nós o aconselhamos a prosseguir o tratamento com passes na instituição que frequentava, visto localizar-se no mesmo bairro onde residia. Seus problemas estavam relacionados com sentimento de culpa, ausência de autoestima e trauma de infância. Caso ocorrido em 1996.
Não ficou claro o que foram estas "reuniões específicas". Também não ficou claro se ele tinha acompanhamento médico psiquiátrico. É curioso notar que seus problemas eram de natureza psicológica e não propriamente espiritual. Será que as reuniões eram, na verdade, uma psicoterapia?

Página 81 do capítulo Transtornos do humor:
Depressão na visão espírita
(...)
A causa profunda desses sofrimentos íntimos não está realmente na situação atual, nas conjunturas do meio ambiente, no estado de saúde ou doença, embora tudo isso possa ter um peso considerável, mas, sim, no Espírito, que carrega suas imperfeições e conflitos que hoje ressumam através de estados de tristeza, angústia, ansiedade ou revolta, como a deixar patenteado, na maioria das vezes, que por ser culpado precisa de ajuda, de amparo, de chamar atenção para sua dor, a qual considera a maior e mais intensa da face da Terra.
Talvez "culpado" seja uma palavra inadequada. Os fatores alheios ao Espírito podem ser determinantes para o surgimento da depressão.

Página 105 do capítulo Transtornos psicóticos:
Esses espíritos perseguidores têm como objetivo levar a vítima ao suicídio, pois sabem que as consequências desse ato são de sofrimentos superlativos, não apenas após o despertar no plano espiritual, mas também pelas sequelas que se imprimirão no corpo físico na reencarnação seguinte.
Será mesmo que todo suicida retorna com sequelas no corpo físico?

Página 110 do capítulo Transtornos psicóticos:
Psicose pós-parto na visão espírita
(...)
Portanto, a psicose pós-parto denota um profundo envolvimento do passado entre a mãe e o filho recém-nascido, ressumando emoções desequilibradas, sentimentos negativos perturbadores, cujas raízes estão em reencarnações anteriores, hoje desaguando em estados mórbidos, patológicos. São as sequelas de crimes que cometemos no passado, de paixões que culminaram em homicídios, duelos, enfim, nossas tendências e impulsos do presente ressaltam o que fomos e fizemos no passado.
Será!? Por que estas "sequelas" apareceriam justamente logo após o parto e ainda teriam uma duração limitada de poucos dias?

Página 130 do capítulo Visão espírita dos transtornos mentais:
O tempo é hoje. Nossa bagagem não deixa margem a dúvidas pelas sequelas que expressam. Enfermidades mentais e físicas são efeitos de atos anteriores, realizados sob o império da insensatez em reencarnações pretéritas.
Será que estas enfermidades não poderiam ser apenas provas?

Página 170 do capítulo A terapêutica espírita:
Entretanto, embora se deem todas as luminosas orientações dos benfeitores espirituais, temos notícias de atendimentos, realizados em alguns lugares, que estão muito longe daquele que se espera no recinto de uma casa espírita, o que é deveras lamentável. Às vezes, os que atendem, o fazem de maneira áspera, denotando má vontade e mau humor, por hábitos e condicionamentos antigos, que cultivam no cotidiano e que transferem para a tarefa espírita. Os que entrevistam, por sua vez, acham que é preciso falar aos entrevistados com uma franqueza rude, expondo o quanto foram perversos e criminosos no passado e que os sofrimentos de hoje expressam o carma que devem enfrentar, irreversível, e o que é pior, que estão sofrendo assédios terríveis de Espíritos vingadores, cruéis, tudo narrado com tintas sombrias, como se não houvesse nenhuma esperança para o infeliz.
É, de fato, lamentável que isto ocorra. Por outro lado, é preciso refletir que a rudeza na franqueza é menos lamentável do que a própria ideia de que as enfermidades são necessariamente consequências de atos reprováveis do passado.

Página 188 do capítulo Estrutura espiritual da reunião de desobsessão:
A equipe espiritual, como é evidente, é superior àquela que pertence ao plano físico, nem poderia ser de outra forma. Portanto, toda a programação é da sua alçada, o que representa um penhor de segurança para o grupo mediúnico.
Será!? O problema aqui é que alguns (encarnados) se valerão do argumento de autoridade, de terem sido intuídos pela equipe espiritual.

Página 201 do capítulo Infalibilidade dos médiuns:
Isso nos remete a algumas situações bem próprias do nosso momento. Vê-se, atualmente, que há muita pressa em divulgar-se o trabalho de um ou outro médium, pois as pessoas que lhe são próximas se entusiasmam quanto à sua faculdade mediúnica, nas quais anteveem amplas possibilidades, não se levando em conta que ele, o médium, está em fase inicial, necessitando ainda de prolongado período de experiência e maturação, conquistados, através do exercício constante e do estudo perseverante. Dão-se pressa em publicar livros psicografados, em divulgar curas alcançadas, em expor quadros com pinturas primárias, em compor e cantar músicas ditas mediúnicas onde letra e melodia nada exprimem, o que é pior, fazendo concessões a ritmos da moda no intuito de atrair adeptos, em promover, enfim, o medianeiro, como se o mundo fosse acabar amanhã e não houvesse tempo para mais nada. Infelizmente os resultados, no curso do tempo, não deixam margem a dúvidas quanto aos excessos cometidos nessa fase preparatória. Por via de consequência, a qualidade das produções mediúnicas, vem caindo dia após dia. E isto é deveras preocupante.
É isso mesmo! Infelizmente!

6 comentários:

  1. Oi, Thiago!

    Você pode adquirir o livro pela distribuidora Candeia:

    http://candeia.com/produto.asp?section=1&id=17700

    Abraço!

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  2. Muito interessante as colocações e bom ver que a análise não é de forma superficial. Agora vejo o livroTranstornos Mentais de outra maneira. :)

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  3. Obrigado, Marcelo!

    Fico feliz em ter sido útil.

    Abraço!

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  4. Respostas
    1. Olá, Heloisa!

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      Felicidades!

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