domingo, 1 de julho de 2012

Comunicação & Discernimento


Título: Comunicação & Discernimento

Autor: Ivan René Franzolim

Editora: EME

Categoria: estudo

Edição: primeira (março 2012)

Proposta:
"É um convite à reflexão e à ação no campo da comunicação"

Formato:
Tamanho médio com quase 200 páginas que podem ser lidas em quatro ou cinco horas. Possui capítulos curtos de mais ou menos cinco páginas que favorecem a leitura. O projeto gráfico é bom, embora a capa não pareça ser muito atraente.

Linguagem:
Linguagem clara e objetiva. Boa argumentação. Estilo leve e fluente.

Avaliação:
Quando o autor tem o que falar e sabe do que fala então é meio caminho andado para o sucesso. E isto se torna evidente pela forma simples e clara na exposição das ideias. Não há brecha para mal entendidos.

A proposta do livro é muito digna e necessária em nosso movimento espírita. Felizmente, o autor atingiu seus objetivos com grande mérito. Foi muito sincero em diversos pontos que não são fáceis de abordar.

Vale destacar a boa organização dos assuntos separados em pequenos capítulos e também a boa argumentação nos textos. Ao iniciar um capítulo o leitor rapidamente já compreende a mensagem... não há enrolação, não há confusão.

Podemos dizer que é um livro de vanguarda e que surpreende pelo seu modo propositivo de abordar as questões da comunicação no meio espírita. Com certeza será muito útil para quem se dispor a lê-lo (e compreendê-lo).

Discussão:
Seguem abaixo algumas passagens:

Página 9 do capítulo Discernimento:
Para ter um bom discernimento não basta, contudo, ter estudado muito. É preciso ter o comportamento de não aceitar nenhum pensamento sem analisá-lo antes, independentemente de quem proceda. De ter vontade de investigar, de confrontar argumentos e raciocínios.
É isso aí!

Página 15 do capítulo Faça do livro um amigo:
Além de escolher bem os livros, saiba como maximizar o resultado de sua leitura, reflita a cada colocação, identifique implicações, julgue a validade, concorde, discorde, assuma sempre uma posição, mesmo que venha a alterá-la inúmeras vezes. Compare os argumentos apresentados com outras obras, faça referências, aplique as ideias adquiridas a outras situações, levante dúvidas, busque as soluções, integre as novas ideias com suas próprias experiências, sublinhe os pontos-chaves, faça anotações e, sobretudo, seja humilde, permita sempre que seus interlocutores possam expor plenamente suas ideias sem a postura de contra-atacar, pois o aprendizado é eterno e a verdade está amplamente disseminada para acompanhar e ajudar a nossa transformação gradual e permanente.
Já valeu a leitura!

Página 23 do capítulo A caridade está mudando:
Ora, a caridade pressupõe o uso inteligente dos recursos para atender a todos com eficácia, sem desperdício, inclusive do tempo dos voluntários, que quantas vezes é consumido em ações menos expressivas, deixando de lado tarefas mais produtivas e prioritárias.
Faz sentido!

Página 28 do capítulo Materialista ou espiritualista?:
Para os materialistas, contudo, não há objetivo ou razão para o nascimento de qualquer criatura. As pessoas, como os outros seres, nascem simplesmente, sem nenhum motivo e propósito. Seguindo esse raciocínio, o ser humano é levado a viver intensamente e a buscar os estímulos que lhe dão maior prazer e satisfação, tentando sempre aumentar as sensações agradáveis que pode ter enquanto durar. Os estímulos mais fortes e mais aparentes são os primeiros a serem perseguidos como sendo responsáveis pelo estado de felicidade almejado por todos. Assim, o materialista e outros indefinidos, acabam por fixar unicamente objetivos de conseguir poder e dinheiro para obter mais sensações prazerosas. Nada mais lógico para aqueles que pensam que o corpo é todo o patrimônio que possuem.
Discordo. Os fatos contestam isto. Os materialistas são tão ou mais altruístas do que os espiritualistas.

Página 35 e 36 do capítulo As bibliotecas espíritas esperam seu apoio:
Se a biblioteca da instituição espírita não está cumprindo sua finalidade, devemos mobilizar todos os esforços para reabilitá-la, tendo além da iniciativa, perseverança e criatividade. Não devemos encará-la como concorrente da livraria, pois os melhores compradores de livros são em geral, os usuários mais assíduos das bibliotecas.
(...)
O principal valor das bibliotecas é poder ser útil ao maior número possível de pessoas.
Concordo totalmente que o objetivo da biblioteca é facilitar ao máximo o acesso ao livro. Porém, o argumento de que os usuários das bibliotecas podem aumentar as vendas da livraria demonstra que as instituições espíritas possuem objetivos mais capitalistas neste caso.

Página 40 do capítulo Você conhece bem o espiritismo?:
Ao se deparar com os intrincados problemas da existência humana e, inquirido quanto às causas dos sofrimentos alheios, deveria, vez por outra, responder com um humilde e grandioso: não sei!
Perfeito!

Página 53 do capítulo O conhecimento espírita precisa se desenvolver:
O movimento espírita precisa estar consciente da importância de se organizar e estruturar mecanismos de incentivo ao aprofundamento do conhecimento espírita, à pesquisa e à investigação por parte das instituições espíritas habilitadas, oferecendo alternativas de viabilização. Neste campo a carência é geral, desde um levantamento bibliográfico por assunto até uma avaliação metódica dos efeitos do passe.
É verdade... há muito a ser feito.

Página 56 e 57 do capítulo O conhecimento espírita precisa se desenvolver:
(...) o Brasil possui no histórico do século passado, vasto material de estudo e de referência, sejam estas experiências boas ou más. Haja vista as mediunidades marcantes de Eurípedes Barsanulfo, Ana Prado, Carmine Mirabelli, Francisco Peixoto Lins, João Rodrigues Cosme, José Pedro de Freitas, José Correa Neves, Otília Diogo e muitos outros ilustres desconhecidos que se dedicaram com amor, às vezes por decênios, sem que essa experiência seja aproveitada para estudo ou, pelo menos, respeitada pelos confrades.
Humm... infelizmente, o material existente sobre estas experiências é, em geral, fraco, sobretudo quando descobrimos que havia muita fraude nelas. Neste caso, é preciso refazer as experiências.

Página 68 do capítulo Comunicação oral e escrita:
Ao abordar temas com possíveis objeções, estruture seu texto de modo a refutar as objeções de maneira imperceptível, oferecendo a oportunidade de o próprio leitor concluir favoravelmente sobre cada ideia. Não se mostre radical, inflexível, pois isso cria o reflexo mental condicionado de rejeição, suspeita ou prevenção.
Bom conselho!

Página 78 do capítulo Debates doutrinários:
O ideal daqueles que debatem em favor do espiritismo, seria então vibrar na faixa da compreensão, da humildade e do anseio de elevação geral, muito embora tenha postura positiva e o seu dizer seja "sim-sim, não-não".
Bom também!

Página 84 do capítulo Eventos espíritas:
O fato de um evento espírita cobrar taxa de inscrição, só pode ser questionado se o faturamento não for aplicado a benefício dos participantes, visar o lucro excessivo ou apresentar sinais de desonestidade.
Parece incrível que algo tão óbvio ainda precise ser dito hoje em dia. E precisa mesmo!

Página 93 do capítulo A motivação sob a ótica espírita:
Os educadores contemporâneos já possuem plena consciência de que a dor e o sofrimento, embora participem do processo educacional, não são fatores causais, servindo mais como alerta ou despertamento para um novo direcionamento comportamental. Na lei de ação e reação, estamos aprendendo que o espírito apenas recebe de volta a dor outrora exteriorizada, quando antes falharam todos os verdadeiros recursos educacionais; que a maioria dos espíritos sofre sem conseguir aprender com a dor e que outros ficam liberados do sofrimento que ocasionaram pela ação nobilitante desencadeada ao bem comum. Parece que o conceito é de "lição aprendida". Nenhum pai mantém um castigo ao seu filho sabendo que este já se modificou compreendendo o que fez de errado.
Que beleza!

Página 95 do capítulo A necessária crítica de livros:
A mídia espírita se esquiva de apresentar trabalhos de crítica de suas obras. Deixa, assim, de apontar, alertar e motivar os leitores ao estudo e aprofundamento de boas ideias, argumentos e correlações, além de favorecer a cristalização de conceitos e ideias errôneas ou mal formuladas.
Conte conosco!

Página 122 do capítulo Atualização da linguagem:
O fato do Divaldo Pereira Franco usar palavras semelhantes [não usuais] em sua oratória faz parte do seu estilo que é único e respeitável, mas não é um modelo a ser seguido.
E como seguem... eheh!

Página 138 do capítulo A comunicação no centro espírita:
O conteúdo da comunicação nos cursos e palestras deve se basear na filosofia espírita, em fatos históricos e científicos, na sua interpretação dos evangelhos, sem adjetivação e ufanismo. Deve deixar claro as lacunas e as dúvidas existentes para estimular seu aprofundamento. Deve ter o objetivo de estimular a curiosidade intelectual, incentivar as pessoas a refletirem sobre os assuntos e ideias apresentados, de modo a chegarem cada uma as suas próprias conclusões que podem ser diferentes da desejada, e devem ser debatidas com respeito e argumentação consistente, não com o objetivo de ganhar a discussão, mas de aprendizado mútuo.
Um dia a gente chega lá.

Página 159 do capítulo A comunicação no centro espírita:
Divulgar uma religião com o objetivo de assegurar que todos compreendam precisamente seus postulados possui uma complexidade muito maior do que apenas transmitir algum conhecimento. (...)
O espiritismo não é uma religião no entendimento comum ou tradicional que se tem delas. (...)
Não seria melhor, então, nunca associar a palavra religião ao espiritismo?

Página 178 do capítulo Comunicação assertiva e solidária:
Saber discordar com educação, defender com respeito, mas também com firmeza quando necessário, também faz parte de uma comunicação assertiva e solidária. Há muitas colocações baseadas em sofismas no movimento espírita que querem levar os espíritas para uma posição de tudo permitir em nome do amor.
Fechou com chave de ouro!

5 comentários:

  1. Ivan.
    Parabéns! Muito oportuno esse Livro, principlamente nessa fase que atravessamos, onde, sem dúivda nenhuma todos os conceitos religiosos, serão revistos e o dogamatismo deverá dar lugar a expalanação plena dos fatos.
    Um abraço
    Rubens Portella Junior

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  2. Valeu pela dica, Vital! vou adquirir este livro o mais rápido possível.

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  3. Legal, Ricardo! Tenho certeza que você vai gostar. Abraço!

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  4. Olá Vital; estive na SEETO, que está comemorando a semana de aniversário, assisti a palestra do Ivan e adquiri o livro.
    Pela sua análise, tenho certeza que fiz uma boa aquisição.
    Grato.

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  5. Não tenho dúvidas de que fez uma boa aquisição, Ailton!
    Obrigado por registrar seu comentário.

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